Há certos princípios de fé que são incontestáveis para qualquer um que se diz ser cristão.
Dentre esses, há também princípios hierárquicos indiscutíveis, tais como: 1º Deus é Senhor do Universo.
2º Jesus Cristo é Senhor da Igreja. 3º Os pais são senhores sobre os filhos, respeitando-se, porém, a dignidade e a vida.
4º O presidente é o chefe da nação, respeitando-se os princípios sociais da nação.
5º O patrão (senhor) é o chefe do empregado (servo), nos limites do contrato de trabalho.
Esses princípios estão bem fundamentados:
1º Deus criou o Universo.
2º Jesus Cristo salvou a Igreja.
3º Os pais geraram os filhos e são os provedores do lar.
4º A sociedade delegou poderes ao presidente.
5º O patrão é dono da propriedade e por isso pode exigir dos seus empregados.
Observa-se que a relação de Deus com o universo, e do Senhor Jesus Cristo com a Igreja são hierarquias espirituais e eternas, aceitas por meio da Fé.
Por outro lado a ralação dos pais com os filhos, do governo com a sociedade, e dos patrões com os empregados, são relações temporais, circunstanciadas e limitadasMas, o que se questiona neste tópico é se há legitimidade bíblica, fundamentação e razoabilidade para alguma hierarquia entre os membros da Igreja. Ou seja, se há fundamentação para que um cristão seja superior a outro.
E neste quesito, eu digo que não.
E digo que não porque:1º Um corpo não pode ter duas cabeças – A Bíblia diz que Jesus Cristo é o Cabeça da Igreja. E aqui não se fala de igreja institucional. Ou seja, Jesus é superior a qualquer potestade cristã, e cada crente está vinculado diretamente a Ele por intermédio do Espírito Santo. Desta forma, não pode haver intermediários entre o crente e o Senhor.
2º Um cristão não pode servir a dois senhores. – Ora é impossível a um cristão ser submisso aos líderes cristãos e a Jesus simultaneamente, uma vez que os líderes cristãos podem cometer equívocos que atentam contra a vontade do Senhor Jesus. Desta forma, a submissão hierárquica reportaria em desobediência à vontade superior do nosso Senhor.
3º Nenhum homem pode provar que recebeu poder delegado do Senhor Jesus para ser chefe dos cristãos. – Para se submeter a alguém que fala por um superior é necessário que haja prova inequívoca da delegação de poder por parte da autoridade superior. O simples fato de alguém pregar eloqüentemente, expulsar demônios, operar sinais e prodígios não é evidência suficiente para se determinar que essa pessoa recebeu delegação do Senhor Jesus Cristo para ser chefe sobre os outros cristãos. Podemos até crer que os sinais provenham de Deus. Podemos até crer na sua pregação, se esta for coerente com a Palavra de Deus. Mas, isto não prova que essa pessoa tenha recebido poder de Deus para ser chefe sobre os cristãos. Da mesma forma, a escolha, ou nomeação por outros homens, por mais dignos e sinceros que sejam, não reproduz exatamente o que Deus quer. É impossível alguém provar que possui autoridade de Deus para ser representante de Deus, ou porta-voz de Deus.
4º Os homens são falhos e limitados e podem conduzir os outros a erros e a enganos. E eu estarei obrigado a seguir as suas “heresias”, se eu estiver obrigado a lhes obedecer.
5º O homem possui uma natureza egoísta e são astutos – quando recebem poder coercivo, ou autoridade para mandar, freqüentemente, utilizam desse poder para explorar o seu próximo. E eu não poderia escapar dessa situação, diante de um pastor corrupto, se eu estivesse obrigado a simplesmente lhe obedecer. Seriam, pois, vãs as recomendações bíblicas para ficarmos atentos contra os “lobos”.
6º Hierarquia pressupõe leis e rudimentos, mas o cristão é despenseiro da Graça. – Evidentemente hierarquia fala de burocracia eclesiástica, regras, rudimentos e normas que determinam e estabelecem quem pode e quem não pode ser digno dos “degraus” superiores. Isto choca-se com a Lei da Graça. Isto quer dizer que Dons, Ministérios e Talentos são distribuídos gratuitamente pelo Senhor, sem necessidade da aprovação burocrática das instituições. O Espírito Santo que habilita os cristãos não está subordinado à burocracia religiosa.
7º Cada membro da Igreja é “alimentado” diretamente pelo Espírito do Cabeça que ensina cada um diretamente, Hb. 1015-16 e I Jo. 2.20 e 27. E por isto não precisa de intermediários e nem de mediadores. Se eu não preciso de intermediários; se esses intermediários não podem bloquear, nem impedir a minha comunhão com Cristo; se esses intermediários não podem me causar danos espirituais; esvai-se, por conseguinte, a sua autoridade.
8º O cristão é recebido perante Deus como Filho, e como tal não precisa de tutores. Precisa, no máximo, de professores. E professores não são comandantes, são conselheiros.
E se tudo isto não bastar,
9º Jesus disse que não era para ser assim. “os governadores dos gentios os dominam, e os seus grandes exercem autoridades sobre eles. Não será assim entre vós.”Mt. 20.25 e 26
“O maior entre vós seja o servo de todos.” Lc.22.25-26“e todos vós sois irmãos”. Mt. 23.8
Percebemos que entre os cristãos há MINISTROS DE CRISTO e MINISTROS DA IGREJA.
MINISTROS DE CRISTO
• Ministros de Cristo são todos os cristãos, aceitos por Deus como membro do Corpo de Cristo.
• Recebem o poder diretamente de Cristo.
• Recebem poder “entre”, e não poder “sobre” os demais cristãos.
• Recebem poderes (dons e talentos) diferentes e diversos, para ajudar uns aos outros. Mas nenhum dom com atribuição para mandar e dominar.
• Recebem poder espiritual, e não poder temporal.
• Não estão, necessariamente, vinculados a alguma comunidade cristã (denominação).
• São professores, conselheiros e não comandantes. Pelo que, não podem impor as suas interpretações e crenças, por mais legítimas e coerentes que lhes pareça.
• Não podem impor as suas interpretações teológicas porque cada cristão está autorizado por Cristo a “examinar” as doutrinas e aceitar somente àquelas que lhe parecer harmônicas com a doutrina cristã.
• Alguns desses ministros podem até ter mais talentos do que outros. Mas como os talentos são diferentes, uns podem “saber” mais, ou ter mais discernimento; mas aquele que sabe menos pode amar mais, ou ter mais fé.
• Os Ministros de Cristo não estão autorizados a bloquear, dificultar ou impedir a comunhão de um membro com o Cabeça, pelo que, não possuem poder disciplinador.
• Também não possuem poder para castigar outro membro, pelo que, não possuem poder coercivo. Assim, não podem ordenar, mas apenas aconselhar.
• Por fim, é notório que não possuem qualquer grau hierárquico entre esses ministros.
MIINISTROS DA IGREJA
• Como Ministro da Igreja, recebem poder temporal.
• Recebem poder para organizar o culto, as atividades sociais e as atividades administrativas da comunidade.
• O poder que recebem é limitado pela vontade da comunidade. Porque todo poder delegado é limitado pelos critérios estabelecidos por quem delega.
• Por uma questão de justiça, para se delegar esse poder, é necessário critérios democráticos, ou seja, a participação dos membros da comunidade através do voto (levantar as mãos) ou de uma forma imparcial (sorteio).
• Para a preservação de sua autonomia, a comunidade precisa dispor de instrumentos e recursos eficazes para impedir o abuso e o desvio do poder delegado. Ou seja, precisa dispor de instrumentos e recursos que possibilitem destituir o ministro quando ele abusar de suas funções ou se desviar delas.
• O poder desses Ministros é um poder que possui certo grau de hierarquia, mas que não abrange as questões de fé, nem teológicas e nem espirituais. Isto porque não é da competência dos homens determinar (fixar regras, leis e rudimentos) em que se deve crer. Os homens não podem impor as suas interpretações bíblicas aos outros, (a não ser que se sujeitem as interpretações dos outros também). E as questões espirituais, tais como justificação, santificação e salvação independem da vontade de terceiros, porque são “negócios” estritos entre o cristão e o Senhor Jesus.
• Pelo que, os Ministros da Igreja são administradores, não chefes.
Fiquemos alerta, porque muitos abusos são cometidos por obreiros e pastores arrogantes e autoritários que se julgam principais e primazes na Igreja, e querem impor as suas interpretações bíblicas com valentia e autoritarismo. Isto não traduz o Espírito do Senhor que é manso e humilde.
Afaste-se, portanto, de organizações (igrejas) fundamentadas na hierarquia eclesiástica, porque elas querem mesmo é constituir um reino, não para Cristo, mas para os seus chefes religiosos, que visam, antes de qualquer coisa, extorquir e explorar as ovelhas.
Fonte: jopejunior@yahoo.com.br
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Hierarquia entre os cristãos não tem fundamento. publicado 21/08/2009 por José Peres Júnior em http://www.webartigos.com
Fonte: http://www.webartigos.com/articles/23510/1/Hierarquia-entre-os-cristaos-nao-tem-fundamento/pagina1.html#ixzz1OMZrBJpy
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